Paixão e poder impedem Bibi de romper com Rubinho, analisa psicóloga Adriana Severine

 

Linda, inteligente, prestes a se formar como bacharel em Direito e namorando um homem sério e equilibrado. Mas Bibi Perigosa queria sentir a adrenalina das fortes emoções e trocou Caio (Rodrigo Lombardi) por Rubinho (Emilio Dantas), um estudante de química que mexia muito mais com ela. Pois essa paixão levou a morena de A Força do Querer a gozar de muito poder dentro da marginalidade, com o marido, que também se tornou um homem infiel a partir do sucesso no tráfico. E em sua queda para o abismo por causa de um homem, Bibi representa muitas mulheres. A psicóloga Adriana Severine, de São Paulo, fez uma análise da personagem que pode servir para outras mulheres da vida real.

“Muitas vezes confundimos amor com paixão. O primeiro não acontece de imediato, não nos faz per-
der a respiração e a cabeça a ponto de deixarmos de pensar e agir por impulsividade. É algo mais sereno e maior”, comenta a profissional. “A Bibi trocou o Caio, a quem amava de verdade, para viver a paixão pelo Rubinho, que lhe dá maior sensação de vida. Tudo é mais intenso e forte na paixão”, explica a dra. Adriana Severine.
Mas será que esse sentimento pode, realmente, cegar alguém como aconteceu com Bibi, que não vê que o marido se tornou um marginal, levando-a ao mesmo caminho? “A realidade magoa. É mais fácil criar um mundo paralelo, que se encaixe nos nossos sonhos. E ela passa a acreditar nesse outro mundo para seguir vivendo. E assim vamos justificando os erros dos nossos parceiros”.

Além de marginal, Rubinho agora trai Bibi. Quando percebe, ela cobra das mulheres e não do companheiro, que é quem lhe deve fidelidade, aliás, algo muito comum na vida real. “Normalmente é mais fácil acreditarmos que a culpa de uma traição seja de uma pessoa fora do relacionamento por- que isso nos machuca menos. É mais fácil eu acreditar que ‘as outras’ é que não ‘prestam’ e ‘forçaram meu marido’ a entrar num relacionamento extraconjugal do que ver que ele nunca teve caráter e em todos os sentidos. No caso do personagem, fica nítido desde o início da trama que o Rubinho flertava com outras. Na medida em que ele conseguiu mais poder e dinheiro, essa característica apenas se acentuou e fortaleceu. E a Bibi perde cada vez mais a capacidade de perceber os defeitos dele porque teme perdê-lo”, analisa Adriana. No caso da personagem, perder Rubinho é mais do que apenas ficar sem o parceiro. “Além do temor de ficar só, ela tem medo de perder esse poder, que veio com ascensão social, o ‘prestígio’ e o dinheiro ganho com o marido. Ela saiu de uma vida simples e anônima para outra de ‘glamour’, como supõe, mesmo sendo dentro de uma comunidade.”

Para a psicóloga, paixão, poder, prestígio e vaidade viram uma mistura que mexe com nossa forma de nos enxergar e de como nos colocamos no mundo. “Fica difícil tomar uma atitude com clareza, principalmente, se podemos perder tudo isso. E essas emoções passam a ser como um vício, se tornam necessárias para vivermos”. Ainda na opinião de Adriana, algumas pessoas podem estar mais sujeitas a esse tipo de relacionamento tóxico do que outras pela baixa autoestima. E isso não tem nada a ver com a aparência física, poder aquisitivo ou intelectual. “A autoestima está totalmente relacionada a como nós nos vemos e não como os outros nos veem. Não adianta as pessoas me verem como linda, inteligente e bem-sucedida se me considero feia, burra e fracassada. Minha baixa autoestima me fará, muito provavelmente, me relacionar com qualquer pessoa que me dê o menor sinal de atenção. E me sujeitarei a qualquer tipo de relacionamento, sempre em busca de uma migalha de atenção e carinho por acreditar não ser merecedora de mais. O principal é a gente se amar primeiro para, depois, amar outra pessoa”, conclui e orienta a especialista em temas como este tão complexo e polêmico.